quarta-feira, maio 13, 2009

Violência urbana... again


Voltou à ordem do dia a violência urbana e a problemática dos bairros sociais. Desta vez foi o bairro da Bela Vista, no passado foi a cova da Moura, a Quinta da Fonte e tantos outros. E surgem os debates habituais e o rol de justificações para a violência: a pobreza, a guetização, a exclusão social, a falta de policiamento, o mau planeamento urbano, o desemprego e as desigualdades. Todas elas são pertinentes e mais ou menos unânimes. Já as soluções raramente são apontadas e muito menos levadas à prática.

Fala-se em policiamento de proximidade, sem que seja implementado. Parece-me indiscutível que uma figura de autoridade, conhecedora da realidade local, das pessoas e dos seus problemas concretos poderá conquistar o respeito da comunidade, tornando-se a imagem da protecção e ordem e não o inimigo. Por outro lado, fala-se de planeamento urbano e integração, mas os bairros sociais continuam verdadeiros guetos e não sofrem qualquer remodelação.

Existem ainda outras infra-estruturas de apoio social que seriam úteis e das quais pouco se fala. Um centro cívico que ofereça à comunidade actividades culturais e desportivas, apoio social, orientação profissional, que se transforme num alicerce comunitário, que suscite sentimentos de pertença e de confiança nas instituições. Porque é que não existe a figura de um tutor social ou mediador, que ajude cada família a estruturar a sua situação socioeconómica e a própria vida familiar, que identifique problemas e em articulação com outras entidades, ajude a encontrar soluções? Em vez de formarmos psicólogos e sociólogos para call-centers, bem podíamos integra-los num projecto deste tipo.

Estas medidas implementadas de forma consistente, por equipas multidisciplinares articuladas com instituições sociais, centros de emprego e de formação e agentes de segurança, certamente trariam resultados a longo prazo. Não será certamente uma tarefa fácil, mas a inacção que até aqui temos visto, não é de certeza a solução. E termino a denunciar a minha própria utopia, pelo simples facto dos governos nunca pensarem no longo prazo, mas somente em custos económicos. Projectos como os que acabei de descrever, caros e sem lucro imediato, são rapidamente afastados e por isso, iremos continuar a ouvir falar de violência urbana durante muitos anos...

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