quarta-feira, outubro 15, 2008

Ainda o "Zeitgeist" e a procura de alternativas


Numa altura em que se questiona, ou pelo menos devia questionar-se o sistema capitalista, parece-me importante voltar a falar do documentário "Zeitgeist: adendum". As duas horas de filme podem dissuadir até os mais curiosos, por isso vou sistematizar as principais questões que o filme aborda. Mais uma vez, refiro que encaro o filme com algum cepticismo e com espírito crítico, mas existem factos pertinentes que vale a pena analisar.

A parte inicial do documentário aborda o sistema financeiro e a forma como se gera lucro, através de taxas de juro, sem que realmente exista liquidez. Assim se cria um estado de dívida permanente que mantém os cidadãos reféns do sistema, numa nova forma de escravatura. O estado de dívida permanente também mantém uma subserviência dos países pobres relativamente aos países ricos. É analisada a forma como o FMI e o Banco Mundial, impõem aos países subdesenvolvidos politicas que os endividam ainda mais e comprometem o seu desenvolvimento e os seus recursos naturais. São abordados os casos dos países sul-americanos, do Irão e do Iraque e a forma com os EUA ingeriram na política interna destes países para garantir a sua supremacia económica.

Denuncia-se a forma como a lógica da persecução do lucro, gera corrupção e falta de ética, colocando o bem-estar da população sempre em último lugar. Apesar do progresso tecnológico, é o estado de escassez, pobreza e dívida permanente que gera lucro, logo é mantido, mesmo sendo contrário ao bem-estar geral.

A última parte e talvez a mais interessante, é a alternativa ao sistema capitalista, uma economia baseada em recursos e em tecnologia, e não no sistema financeiro, no dinheiro, no crédito e na dívida. Aposta-se na educação, cultura e investigação e na utilização racional dos recursos naturais, energias renováveis e avanço tecnológico, alterando culturas e mentalidades. É o que defendem os membros do "The Venus Project", que são entrevistados durante o filme e cujas propostas podem ser consultadas em pormenor no site.

Para mim é interessante verificar que existem pessoas mais utópicas que eu. Mas reconheço a importância destas propostas e confesso que adoraria viver numa sociedade assim organizada. O caminho para lá chegar é que não está bem esclarecido. O que se propõe é que a mudança está na atitude individual, mas será suficiente? Dão-se exemplos concretos de comportamentos facilitadores da mudança:

1. Expor as grandes instituições financeiras, boicotando os seus produtos financeiros como créditos e acções

2. Boicotar as principais cadeias noticiosas, procurando agências noticiosas livres e independentes, procurando defender a informação e a liberdade de expressão que se consegue através da Internet

3. Boicotar as instituições militares

4. Procurar a auto-suficiência energética, contradiando sobretudo as grandes companhias petrolíferas

5. Rejeitar o sistema político, devido à relação dúbia que existe entre lobbies económicos e governantes

6. Divulgar o que tem sido descrito junto de outros, procurando alertar consciências

Eu como utópica que sou, não posso deixar de concordar com estes seis pontos, caso contrário nem teria blog... Acho que a ideia fundamental é que mudar o sistema, começa por mudar a mentalidade. Mesmo tendo reservas em relação ao Venus Project, não sei o que os move, nem quem os financia, não podia deixar de divulgar o que me parece ser um excelente ponto de partida para questionar o actual sistema e pensar em alternativas.

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