Para quem tem dúvidas sobre a imigração
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Uma semana depois do cartaz xenófobo colocado no Marquês de Pombal, o Diário Económico revelou que os imigrantes que trabalham em Portugal contribuem 7% para a riqueza nacional, o equivalente a uma Portugal Telecom por ano ou a cinco Auto-Europas, ou seja, cerca de 11 mil milhões de euros. Isto apesar da exploração a que estão sujeitos, das dificuldades em obter a legalização, e da recusa dos bancos em fornecer empréstimos os imigrantes para compra de casa.
Segundo notícia do Diário Económico, os imigrantes em Portugal contribuem para 7% do PIB. Eduardo de Sousa Ferreira, professor catedrático do ISEG, explica que, apesar de só existirem dados concretos até 2005 que «apontavam para um contributo de 5% a 6%, mas a partir daí pode considerar-se os 7%, até porque os imigrantes ocupam agora funções mais qualificadas». O especialista lamenta no entanto a falta de informação causada pela ilegalidade em que muitos dos imigrantes permanecem.
Segundo notícia do Diário Económico, os imigrantes em Portugal contribuem para 7% do PIB. Eduardo de Sousa Ferreira, professor catedrático do ISEG, explica que, apesar de só existirem dados concretos até 2005 que «apontavam para um contributo de 5% a 6%, mas a partir daí pode considerar-se os 7%, até porque os imigrantes ocupam agora funções mais qualificadas». O especialista lamenta no entanto a falta de informação causada pela ilegalidade em que muitos dos imigrantes permanecem.
Cartoon de Mike Keefe
Maria Lucinda Fonseca, investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, sustenta que os imigrantes, que deverão atingir o meio milhão este ano, «têm uma taxa de actividade mais elevada do que a restante população activa portuguesa, em parte devido à sua estrutura etária». A investigadora especifica que «os imigrantes representam actualmente cerca de 9% a 10% da população activa nacional apesar de serem menos de 5% da população portuguesa». Este facto determina que os imigrantes contribuam mais do que aquilo que beneficiam em termos de segurança social, pois apenas 2,5% dos pensionistas são imigrantes.
Também o contributo dos imigrantes enquanto consumidores tem permitido alimentar a procura interna, "indicador que até 2006 foi fundamental para sustentar o crescimento económico. Helena Rato, directora do departamento de investigação do Instituto Nacional de Administração, lamenta no entanto o facto de os imigrantes não poderem comprar casa, devido à atitude dos bancos que "temem incumprimentos nos empréstimos". A directora classifica essa atitude de "irracional" já que "a casa fica sob hipoteca", acrescentando que "a residência fixa é um requisito para a legalização". De facto são dezenas de milhares os imigrantes que não estão legalizados, ficando assim à mercê da exploração fácil e sem direitos sociais fundamentais.
In Esquerda.net
2 comentários:
Hopes:
Gostei e achei muito importante que tenhas colocado aqui este post. Muito mesmo.
Na verdade não é por acaso que escasseiam estudos sobre a imigração e as suas efectivas consequências e os que existem são bem camuflados. Não interessa muito fazer, nem revelar estes estudos...
Sobre este assunto, são precisos dados e factos e não conversa de café, nomeadamente que "eles são uns parasitas que vem cá roubar os nossos empregozinhos e os nossos subsidiozinhos" e outras coisas semelhantes...
Um abraço.
Macambuzia Jubilosa
MJ,
Obrigado pelo elogio e pela visita. Concordo inteiramente contigo, os estudos sobre a imigração não são de facto divulgados.
Por isso aqui fica mais um excerto de um artigo muito interessante de 2 investigadores desta área:
«No imaginário mediático e popular, colonizado por vulgatas liberais e individualistas, o processo migratório resulta principalmente da vontade do imigrante, que vem bater à porta do país mais rico em busca de uma vida melhor. Que os movimentos migratórios não são erráticos e seguem um padrão, provam-no as migrações pós-coloniais do terceiro para o primeiro mundo, com os imigrantes a aproveitar afinidades linguísticas e culturais e redes preestabelecidas de modo a facilitar a sua integração laboral.
Mas as migrações laborais não dependem apenas da vontade do imigrante. Existe uma procura para o trabalho imigrante nos países capitalistas avançados.
A generalização do trabalho imigrante nestes países corresponde a uma nova fase da acumulação do capital - a fase neoliberal, de erosão do Estado-providência (que, em Portugal, para usar a feliz expressão de Miguel Vale de Almeida, morreu à nascença)1, a do abandono das responsabilidades sociais do Estado e da ultrapassagem de uma concepção de cidadania inclusiva ligada aos direitos sociais.
Os empregadores têm já hoje, com os trabalhadores imigrantes, o mercado de trabalho flexível que as novas regulamentações laborais querem também impor aos trabalhadores nacionais. Que melhor força de trabalho do que uma constituída por indivíduos sem a memória das lutas sociais, sem o sentimento de pertença a um sujeito político colectivo? A expressão «deslocalização no local»2 tornou-se uma boa descrição da exploração de imigrantes ilegais como método de evasão aos direitos sociais que ainda restam.»
O artigo foi publicado originalmente na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique de Março, mas quem quiser pode ler online:
http://www.esquerda.net/
index.php?option=com_content
&task=view&id=2436&Itemid=40
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