Atentado literário II
Amanheceu. Não lhe apetecia acordar, ficaria ali, não precisava de dormir, bastava fechar os olhos. Bastava pensar que podia ficar assim sempre, o resto do dia, a noite seguinte, o outro dia, a noite novamente... os olhos fechados, a mente longe. Deitado, imóvel, sozinho, sem dormir, sem acordar.
Um longo bocejo e o querer ficar ali, acordar para quê? Lá fora só o que eu não quero, lá fora só o que me entristece, lá fora só o que dói, lá fora só quem eu não quero ver e o que eu não quero ouvir.
O insuportável ruído das palavras que não deviam sair. As palavras que saem da boca das pessoas que pensam que sabem tudo. Tu sempre detestaste as pessoas que têm todas as respostas, nenhuma das suas respostas te serve. Nunca serviram.
E sem acordar, ficou ali, sem dormir, olhos fechados e a mente já não longe, mas agora vazia.
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