domingo, fevereiro 20, 2011

Um “stalker” chamado Badoo


As redes sociais conquistaram um papel de destaque na Internet, quer se goste, quer não. Acho que como em tudo na vida, devem ser usadas com precaução e tendo em conta o que se quer efectivamente partilhar. O pior é quando deixamos de controlar a situação. Se a rede social se apropria dos contactos de e-mail de um amigo nosso, passa a ter acesso também aos nossos contactos. Um exemplo é o “Badoo”, que tem também uma aplicação no Facebook. Quando um amigo nosso tem a infeliz ideia de nos convidar para a “sua comunidade”, percebemos da pior maneira, como a nossa privacidade é afectada. Primeiro vem o convite e logo aí percebemos que o Badoo já explorou os nossos contactos e simpaticamente enumera “as pessoas que esperam pacientemente por você”. Até podem ser nossos amigos, como pessoas que não queremos ver nem pintadas, e que não devem esperar pacientemente por si de certeza.

Ignorado o convite, o Badoo insiste «Leia as mensagens deixadas por Fulano de tal para você, antes que sejam deletadas!». Percebo agora a insistência, eu não falo brasileiro, de modo que o Badoo não percebeu, eu devia ter explicado que queria é q eles me “deletassem” e às pessoas que esperam pacientemente por mim! Já me deixam furiosa porque invadiram a minha lista de contactos, sem a minha permissão e nem a minha língua falam? Não é tarde, nem é cedo... clico em “não quero receber mais mensagens do Badoo”. Resposta:

Finalmente, você recebeu um email…

Você recebeu um email do Badoo, porque:

* Seu amigo decidiu convidar-lhe para conferir seu perfil e em suas novas fotos e vídeos;
* Um usuário acidentalmente forneceu o seu endereço de email, em vez do dele. Todos nós erramos…

O que devo fazer agora?

Você tem duas opções:

Descobrir o que os 107,131,414 usuários estão fazendo aqui

De longe a sua melhor opção :)
ou

Bloquear todos os emails futuros

Não recomendado :(

Marketing pretencioso? Ah sim, claro que resulta comigo... adivinhem a opção que eu seleccionei... Resposta:

Seu desejo é uma ordem

Não serão enviadas mais mensagens para fulana@gmail.com.
Mas quando mudar de idéia, volte. Nós estaremos aqui esperando você.

Deixem-me responder numa linguaguem que o Badoo perceba: “Cara v’cê tá deletado, né? Fica esperando sentado, meu chapa!”

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Dos parvos, dos hipócritas e dos lixados

Confesso que achei que a música dos Deolinda “Parva que eu sou” dispensava comentários, porque fala de uma realidade que já todos devíamos conhecer. A precariedade é por acaso alguma novidade? Não é... possivelmente musicar a precariedade é uma novidade nos dias que correm e se chamou a atenção de quem eventualmente andava distraído, melhor ainda. O que a música provocou foi uma avalanche de opiniões, que vão desde o aproveitamento politico da musica pela esquerda e pela direita à comoção hipócrita, passando pelo simples encolher de ombros.

Comecemos pelo aproveitamento político. Que a esquerda faça da música um hino não me surpreende, porque têm sido os partidos mais à esquerda que mais propostas têm apresentado no sentido de combater a precariedade no trabalho (faço a ressalva que o governo não é de esquerda e o que mais tem feito é agravar as condições de trabalho). O que me surpreendeu foi que a direita também pegasse na música, para dizer que foram os gastos exagerados do estado social com os direitos e garantias da geração anterior, os culpados da situação dramática da geração parva. Não há nada como criar um bom conflito inter-geracional! Esses sacanas que tiveram o privilégio de ter reformas, subsídios de doença e desemprego, não deixam os filhos passar dos recibos verdes e dos 500 euros mensais...Como é óbvio, não falam dos verdadeiros responsáveis pela situação, sucessivos governos pós-25 de Abril que fizeram uma gestão ruinosa do bem publico, alimentando clientelas e elites económicas que controlam a Banca, as grandes empresas e a Administração pública.

Depois existem os hipócritas, aqueles que ficam imensamente comovidos com a desgraça da geração parva, ou pelo menos dizem que ficam. Chamo-os de hipócritas, porque muitos deles têm posições de poder, pertencem à tal elite abusadora e têm a trabalhar para si jovens com recibos verdes, contratos precários e com salários baixos. Efectivamente podiam fazer alguma coisa por esta geração e não fazem, limitam-se a reconhecer a injustiça, mas não podem fazer nada, porque isso implicaria perderem regalias de novos-ricos das quais não estão dispostos a abdicar.

Depois existem os que encolhem os ombros. São os que acham tudo isto normal e inevitável, os que acham que é assim e não há nada a fazer, os que nem querem discutir o assunto, muito menos informar-se das alternativas e os que fulminam aqueles que se queixam e se revoltam contra a situação. Não querem chatices, nem preocupações. Os pais deram-lhes tudo e vão continuar a dar. Independência económica, dignidade ou realização são conceitos estranhos que ficam para os “lixados” procurarem. O que nos leva aos lixados. Por ultimo, os lixados são aqueles que não têm pais ricos que os sustentem, não têm cunhas, cartões de militante e para mal dos seus pecados, percebem o que está errado e até querem mudar o que está errado, mas sozinhos não podem... Então quem muda isto? Se os hipocritas não querem, resta saber quando é aqueles que encolhem os ombros ficam lixados...

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Sacríficios para quem e para quê?

Numa altura em que nos são exigidos mais impostos, redução de salários e perda de direitos na saúde, na educação, na segurança social, não é aceitável que a Banca continue a obter milhões de lucro e que pague menos impostos que no ano passado. Os principais bancos lucraram 1.435 milhões de euros, mas os impostos pagos desceram para metade, o fisco recebeu menos 150 milhões de euros. Como tenho vindo a repetir, a percentagem de IRC é muito abaixo do exigido a qualquer empresa ou comerciante. Mais uma vez se confirma que os sacrifícios são desigualmente distribuídos na sociedade.

Também não é aceitável, perante duros cortes orçamentais no ensino público, colocando em causa o funcionamento normal das instituições, que o governo continue a subsidiar o ensino privado e tenha recuado nos cortes que pretendia fazer. Quando existe alternativa no ensino público, como se explica que se esteja a subsidiar instituições que proporcionam elevados lucros aos seus proprietários, que ainda recebem pagamentos elevadíssimos dos alunos? O que é certo é que continuamos a ouvir largos elogios à competência da gestão privada, mas que ainda assim precisa de financiamento do Estado!

E o que dizer da saúde e das parcerias publico-privadas nos hospitais, ruinosas para o Estado e muitas vezes para os doentes? Basta olhar para o caso do Hospital de S. Marcos em Braga. Desde 1 de Setembro de 2009, no âmbito de uma parceria público-privada, a urgência polivalente do S. Marcos, é gerida pela empresa Escala Braga, do grupo Mello Saúde, e é remunerada pelo Ministério da Saúde para estar disponível 24 horas por dia. No entanto, enviavam sistematicamente pacientes para o Hospital público de S. João, alegando que não tinha médicos nas urgências e lesando o Estado em 273 mil euros. Assim é fácil ter lucro! São opções sistematicamente adoptadas e lesivas para o Estado. Quando nos exigem sacrifícios, o mínimo que se pode pedir como contrapartida é uma gestão eficiente desse esforço!

domingo, fevereiro 06, 2011

Ai coitadinho...

O António Mexia é um injustiçado. Foi duramente criticado por ter recebido 3 milhões de euros em 2009, mas alegadamente recebe uma remuneração muito “abaixo do que se paga lá fora”. Para quem duvida que €3.1 milhões/ano seja uma injustiça e uma remuneração “abaixo do que se paga lá fora”, nada como uma pequena pesquisa no Google. Vamos pesquisar remuneração presidente da EDF (o congénere francês do Senhor Mexia) e rapidamente encontramos um artigo que condena a remuneração anual do presidente da EDF, Henri Proglio. “Et, voilá!” , Henry Proglio recebe €1.6 milhões anuais contra os €3.1 que o Mexia recebeu em 2009! Abaixo do que se paga lá fora??

E este jornalista chama fat cat ao Presidente da EDF, que para além de um salário milionário ainda o acumula com um 2º salário, o que perfaz um rendimento anual de 2 milhões de euros. Concerteza que sim, mas o que diria ele do nosso genial António Mexia, com a sua proeza de obter lucros em regime de monopólio, consegue com um só salário, um rendimento anual de 3 milhões de euros? Vai muito para além de fat cat! Deixemo-nos de injustiças!

E já agora, porque é que a nossa imprensa suave não fez esta pequena pesquisa e completou a notícia, tentando demonstrar a veracidade dos factos? Sem comentários...