sexta-feira, dezembro 31, 2010

Conclusões do debate

Espero que com o debate de ontem, as pessoas tenham finalmente percebido quem é Cavaco Silva. Veio ao de cima a agressividade, a arrogância, o falso moralismo, a incapacidade em lidar com a crítica e a de esclarecer qualquer questão. Então, quando confrontado com a questão do estado social, ele responde com instituições privadas de solidariedade social e com a caridadezinha da campanha das sobras dos restaurantes? O Estado social não é isso, nem é de caridade que as pessoas precisam, o que é necessário é que os estados garantam justiça social e igualdade no acesso ao emprego e à riqueza. Será que queremos um Presidente da República que confunde caridedazinha com Estado social? Infelizmente Manuel Alegre, deixou cair esta argumentação e não distinguiu os conceitos.

Insistiu na mesma lógica de subalternização aos mercados e à Alemanha e França, que nos trouxe ao atoleiro em que estamos. Seria pior? Como se os juros da divida não parassem de subir? Pode dizer que a imprensa é suave e ninguém se indigna... E o que dizer, da insistência em remeter para o site da Presidência? Ele não tem que informar, nem explicar aos eleitores, eles que vão ler e informar-se, não é para isso que servem os debates? Mas para quê esclarecer que as falcatruas do BPN, foram da responsabilidade dos seus protegidos políticos e que graças a isso, Cavaco Silva obteve lucros de 100%? Então um economista, um homem de finanças não acha estranho as margens de lucro que teve, não suspeitou de nenhuma ilegalidade? Atreve-se a comparar as suas poupanças às da generalidade dos portugueses?

Mesmo que Alegre não tenha conseguido assinalar estas contradições, o próprio Cavaco silva demonstrou o tipo de pessoa que é e não é certamente o que o país precisa. Votem em quem quiserem, mas no conservador, subserviente, falso moralista que enriqueceu à custa das ilegalidades do BPN, arrogante e defensor da caridadezinha, não!

domingo, dezembro 19, 2010

O FMI não está cá! Está, está...

O governo continua extremamente empenhado em seguir a agenda neoliberal da EU, numa crença ingénua que isso tranquilizará os mercados. A novidade da semana é que os problemas do país estão num mercado laboral demasiado rígido. Quem havia de dizer? Não certamente os mais de 500 mil portugueses desempregados, nem os que trabalham a recibo verde ou a contratos a prazo que a qualquer altura podem ser despedidos. Diz a UE, dizem os economistas brilhantes, logo o governo apressa-se a apresentar um pacote de medidas para tratar de flexibilizar um mercado de trabalho extremamente flexível, colocando em perigo o emprego dos que ainda o conseguem ter.

Veja-se o genial impacto de reduzir o valor das indemnizações e de obrigar as empresas a criar um seguro de despedimento. É mais barato despedir, o que compensa, porque se despedir um trabalhador com alguns anos de casa, que já não estará no escalão salarial mais baixo, pode-se contratar alguém novo e desesperado, disposto a fazer o mesmo trabalho por um salário menor. E o que dizer do seguro, para além de uma despesa extra para quem contrata, só dará lucro se for activado... porque não despedir se ainda se recebe o dinheiro do seguro? Entretanto ainda ganha a Banca que detém as seguradoras! Ficam os “fat cats” felizes e dos trabalhadores, entre a precariedade e o desemprego, o governo e a Europa não querem saber. Nem o FMI faria melhor...

segunda-feira, dezembro 13, 2010

A pobreza deve envergonhar quem?

Vem o Senhor Presidente da República dizer que a pobreza nos deve envergonhar a todos. Pois fique sabendo que a única vergonha que eu sinto, é que o senhor enquanto governante durante todos estes anos, nada tenha feito para reduzir a pobreza, a desigualdade e a injustiça social. Pelo contrário, promoveu politicas que nos encaminharam para a dramática situação, em que hoje nos encontramos. A pobreza não me envergonha, entristece-me e revolta-me. Sentiria vergonha se o tivesse eleito, na esperança que resolvesse a questão da pobreza e sendo assim poderia sentir-me responsável. Felizmente sempre percebi a falsidade e a cobardia, de quem não assume responsabilidades pelas medidas que tomou enquanto governante e tendo feito carreira política, nem se assuma como politico. Falta-lhe autoridade moral, para passar responsabilidades que são suas para os cidadãos do seu país. Foram governos seus e do seu partido que permitiram a acumulação de mordomias pelos amigos, de parcerias publico-privadas ruinosas, de politicas de emprego assentes em baixos salários e na precariedade, na destruição do aparelho produtivo nacional e na delapidação do estado social. Enquanto Presidente da Republica promoveu a austeridade, desculpabilizou o sistema financeiro e permitiu a concretização deste PEC, que mais não é que a consolidação da politica que promoveu enquanto Primeiro-Ministro. O combate à pobreza nunca foi um objectivo seu, mas pretende-se agora envergonhado e apela à caridedazinha que mata a fome de alguns, mas não resolve os problemas de quem precisa de um emprego, de uma oportunidade, de um salário que lhe permita viver com dignidade. Essas preocupações nunca foram as suas, por isso guarde a vergonha para si e não passe as responsabilidades para quem não as tem.

Nota: Se os Portugueses querem para Presidente da República um senhor que acha que resolve o problema da pobreza com sobras de restaurantes, algo está muito mal!


terça-feira, dezembro 07, 2010

Compadrios e cunhas em estudo

Qualquer pessoa que viva e trabalhe em Portugal, já se apercebeu do intricado sistema de cunhas e compadrios que pulula em todos os sectores de actividade. O sector público ou o domínio das parcerias público-privadas torna-se mais evidente, porque ao habitual compadrio, junta-se o cartão partidário da cor certa. O que antes era um pouco vago, foi agora estudado com maior detalhe por um investigador português na Universidade Queen Mary de Londres:

«Pedro S. Martins estudou o período de 1980 a 2008, estabelecendo firmas do sector privado como grupo de controlo comparativo, e concluiu: "As nomeações do sector público aumentam significativamente ao longo dos meses imediatamente antes de um novo governo tomar posse. Também aumentam consideravelmente logo após as eleições, mas somente se o novo governo é de uma cor política diferente da do seu antecessor." (…) Os dados apontam para um "aumento significativo em contratações", que pode ir dos 10% aos 20%, no trimestre seguinte à entrada em funções de um Governo. Esse aumento, segundo as conclusões do estudo, começa porém a ocorrer antes das eleições - ou seja, antes de um Governo abandonar o poder. E o compadrio não se resume às posições de topo na hierarquia das empresas públicas: está espalhado por toda ela.


Este estudo só prova a existência de uma mentalidade cortesã que premeia a bajulação e a filiação partidária, em detrimento da competência, o que só por si explica a ineficiência e má gestão e a própria produtividade. Tenho sérias dúvidas que esta realidade esteja assim tão longe do privado... Mas a grande questão é porque a UE, não exige uma moralização do sistema e prefere mandar flexibilizar um mercado de trabalho, já de si precário e mal remunerado. Será que não sabem da corrupção e do compadrio, dos negocios ruinosos para a estado e das reformas milionarias acumuladas com salários?