quinta-feira, novembro 25, 2010

Dignidade no trabalho exige-se

Na sequência da greve geral, acho que faz sentido falar um bocadinho do mundo do trabalho. Todos nós já ouvimos histórias de horas extra não remuneradas, pessoas que fazem o trabalho de 2 ou 3, pressões psicológicas de vária ordem, remunerações baixas, falsos recibos verdes e podia continuar. Tudo isto acontece com um Código de Trabalho demasiado rígido, o que seria se não fosse… São muitos os motivos para o descontentamento e a indignação. Mas o mais preocupante é que a tendência é para ver a situação piorar. Veja-se o que se passa na Inglaterra. Na semana passada, o governo britânico anunciou que os desempregados que solicitam auxílio deverão realizar trabalhos não remunerados: caso se neguem a fazê-lo, perderão o subsídio. Estamos a falar da obrigação de realizar trabalhos de jardinagem, limpeza de lixo e outras tarefas manuais por apenas 1 libra/hora. Que melhor estratégia para eliminar postos de trabalho e reduzir custos, usando mão-de-obra quase gratuita?

A retórica que justifica este tipo de medidas, também é nossa conhecida: «esses preguiçosos que não querem trabalhar». Basta ver as últimas reportagens da RTP, para ver este argumento exibido até ao vómito. O que a RTP não disse, é quantos empregos disponíveis existem relativamente ao número de desempregados. No caso da Inglaterra, alegadamente pejada de preguiçosos, temos 459 mil empregos para 2,5 milhões de desempregados. Um preguiçoso poderá ter que disputar o trabalho com 250 colegas… se não conseguir terá de contentar-se com a categoria de desempregado trabalhador, 1 libra hora sem qualquer perspectiva de melhoria social, sabendo que antes estava no seu lugar alguém com emprego. Estamos muito perto da Servidão e não é impressão minha.

É urgente uma mobilização pelo regresso da dignidade no trabalho, seja com greves, protestos ou criticas em conversas de café. Ou melhor inventem-se formas eficazes de protesto, antes que seja tarde demais. Há coisas muito simples do dia-a-dia que alimentam o sistema que nos quer semi-escravos e das quais podemos abdicar: produtos bancários de investimento em acções, cartões de crédito e afins, consumismo irracional em produtos dispensáveis e porque não seguir a sugestão do Cantona? Agir é mesmo necessário!

domingo, novembro 14, 2010

Lição sobre injecção de liquidez da Reserva Federal

Para perceber a decisão da Reserva Federal norte-americana de adoptar medidas especiais de injecção de liquidez, este videozinho é extremamente esclarecedor:



Pergunto eu: O Presidente dos EUA, que deixa a Reserva Federal, aka a Goldman Sachs, fazer o que quer da economia, tem legitimidade para vir dar lições de política monetária ao resto do mundo? Como dizem os bonequinhos dá vontade de bater com a cabeça na parede, se os custos com a saúde não fossem tão elevados...


quinta-feira, novembro 11, 2010

Quem são mesmo os especuladores?

Já não bastava as medidas de austeridade que começamos a sentir na pele, ainda temos que ouvir falar da subida constante do juro da dívida portuguesa. O juro já ultrapassa os 7% e demonstra a completa inutilidade de todos os sacrifico que nos foram impostos, isto porque brincar com a nossa dívida, continua a ser muito lucrativo para os especuladores. O que não nos é explicado é quem são estes especuladores. Não se pense que são só bancos estrangeiros, a banca portuguesa adquiriu 300 milhões da divida do próprio país e por cada milhão adquirido, exigem o pagamento de 2 milhões dentro de dez anos. Grande negócio à conta dos contribuintes portugueses, que empobrecem a olhos vistos. É espantoso o sentido de solidariedade e a distribuição de sacrifícios, já não basta não pagarem os 25% de imposto que qualquer empresa paga, ainda obtêm lucros milionários à custa do esforço dos restantes contribuintes.

Interessante ainda, é que o Banco Central Europeu também comprou dívida portuguesa. A instituição europeia que devia ter como função auxiliar os estados membros, também especula em torno da nossa divida. Quando podia emprestar dinheiro ao Estado com juros de 1%, o BCE obriga-o a endividar-se junto da banca privada a 7% e ainda tem a falta de vergonha de comprar essa mesma dívida.

É este o sistema que nos pedem para aceitar? É sobre isto que Cavaco Silva fala, quando refere que uma «retórica de ataque às posições dos mercados» é um «erro» para Portugal, que deve trabalhar para «aumentar a competitividade da economia». Para além de pobres, também temos que ser burros e acríticos?

segunda-feira, novembro 01, 2010

Austeridade para tótós